Redes de violência e estratégias para a não-violência

Homens tem dificuldade de admitir que seus parças (todos os homens) erram. Quando outro homem mente, dizem que ele “deu uma mancada”, não que mentiu, que é mentiroso. Quando quebra um acordo, certamente não será classificado como desonesto. Quando não realiza um bom trabalho na empresa ou como prestador de serviços há grande chance que seu trabalho seja classificado como excelente por outros homens. Praticamente uma realidade paralela.

Homens se apoiam em uma rede a favor da violência. Uma rede diária, sistêmica e política. O fazem, sabendo que quando errarem, também terão seus erros acobertados. Uma outra rede transversal formada de mulheres, também diária, sistêmica e política, apoia homens que cometem violências (em geral, contra outra mulheres). Os apoios em estruturas da violência apenas serão quebrados quando houver outras estruturas de não-violência que fornecem estabilidade social. Parece contraditório, mas, a violência mantém as coisas como estão, ou seja, mantém estabilidade. Se não houver novas estruturas em construção as pessoas não sabem para onde ir e permanecem no conhecido, ainda que gere danos (violência).
Estruturas de nao-violência (respeito, cooperação, acolhimento, ajuda mútua) também tem que ser:

– Diárias
– Sistêmicas
– Políticas

Que estruturas estamos mantendo ou criando? Que estratégias ou falta de estratégias estão orientando nossas ações?

A estratégia nos exige. Apenas por caminhos muito bem pensados e debatidos coletivamente conseguiremos transpor e evitar as tragédias cotidianas.

Daniela Alvares Beskow

25 de março de 2022

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