24 demandas do movimento de mulheres lésbicas no Brasil em 2022

Na sociedade patriarcal e misógina mulheres lésbicas são vitimizadas pela misoginia e lesbofobia e também pelo racismo, desigualdades sociais e todos os contextos de discriminação. Individualmente e coletivamente mulheres lésbicas pautam transformações a partir de suas realidades, experiências, debates e produção de conhecimento cotidiano, prático, teórico ou científico. É preciso reconhecer o conhecimento que está sendo produzido, produzirmos políticas públicas capazes de quebrar estruturas de violências e avançarmos enquanto sociedade.

Conheça algumas das ideias do movimento de mulheres lésbicas no Brasil. São 24 demandas para entendermos as pautas e os debates propostos pelas mulheres lésbicas atualmente no Brasil, resultado de reflexões e ações históricas. Há demanda por:

Dados e produção de conhecimento

1 – Pesquisas estatísticas sobre a população lésbica no Brasil realizadas por órgãos estatais de forma a gerar conhecimento e políticas públicas para esta população;

2- Mais pesquisas teóricas sobre lésbicas, lesbianidade e lesbofobia no Brasil;

3- Reconhecimento das perspectivas lésbicas produzidas por profissionais lésbicas em pesquisas teóricas, científicas, literatura e artes;

Saúde

4 – Camisinha para sexo entre mulheres;

5 – Campanhas de saúde voltadas para as mulheres lésbicas, abordando prevenção à IST’s e DST’s no sexo lésbico e outros temas;

6- Campanhas de saúde mental das mulheres lésbicas;

7 – Fim da lesbofobia em consultórios ginecológicos;

8 – Fim da tentativa de cura lésbica em consultórios de psicologia;

Sociedade e fim da violência

9 – Casas de acolhimento para jovens lésbicas expulsas de casa;

10 – Fim da lesbofobia em banheiros públicos;

11 – Fim da lesbofobia em serviços de saúde e segurança pública, como por exemplo postos de saúde, hospitais, clínicas e também delegacias e abordagens policiais. Incluindo treinamento dos profissionais para atendimento sem violência dessa população e de todas as populações e políticas de punição dos profissionais que cometem violência lesbofóbica ou qualquer tipo de violência contra pessoas no exercício da profissão;

12 – Maior fomento do debate coletivo sobre o entrelaçamento entre lesbofobia e os contextos de misoginia, racismo e desigualdades sociais;

13 – Fim da lesbofobia nos espaços familiares, nos círculos de amizade, nos espaços de trabalho e estudo e nos espaços públicos. Incluindo o fomento do debate e da visibilização da lesbianidade a partir de uma ótica positiva;

14 – Políticas contra a lesbofobia nos ambientes de trabalho;

15 – Espaços públicos e seguros de socialização;

16 – Não abandono e não isolamento social das mulheres lésbicas, em especial as mulheres lésbicas idosas, as mulheres lésbicas negras, as mulheres lésbicas indígenas, as mulheres lésbicas mães, as mulheres lésbicas com deficiência, as mulheres lésbicas que desviam do padrão estético e corporal de feminilidade esperado das mulheres. Incluindo políticas públicas de resguardo, apoio e suporte coletivo à essas mulheres e todos os grupos socialmente vulnerabilizados;

17 – Fim da sexualização e erotização de mulheres lésbicas para o prazer masculino na pornografia. Ou mesmo, pelo fim da pornografia, uma violência contra mulheres.

18 – Campanhas de conscientização da população sobre o crime de lesbofobia/homofobia: o que é, como denunciar e para quem denunciar;

19- Fim da lesbofobia em igrejas e espaços religiosos, fim da demonização de lésbicas e gays, fim de práticas violadoras nestes espaços

20 – Fim da lesbofobia em todos os espaços e contextos da sociedade

Arte, cultura e comunicação

21 – Maior frequência de personagens lésbicas em filmes e séries, assim como a figura lésbica em propagandas e conteúdo midiático;

22 – Maior abordagem da mídia sobre as mulheres lésbicas, seja enquanto indivíduos (cidadãs, profissionais, etc) ou movimento social;

Política representativa

23 – Mais mulheres lésbicas na política representativa, mais mulheres na política representativa;

24 – Fim da violência contra mulheres lésbicas na política representativa, fim da violência contra mulheres na política representativa.

É preciso celeridade na proposição e execução de leis, propostas, debates e ações. Estado e sociedade não podem mais continuar tolerando a violência.

Daniela Alvares Beskow

19 de agosto de 2022