Onde vou, tenho sempre um caderninho para escrever reflexões. Se não o tenho comigo, arranjo um guardanapo, o verso de um folheto de propaganda, um pedaço de jornal. Sempre gostei de sentar sozinha em lugares públicos, para escrever. O balcão de um bar, a mesa de uma lanchonete, o banco de uma praça, a areia da praia, o ponto de ônibus, o degrau de uma escada. Hoje, 05 de julho de 2020, encontrei um nome para esses diários. Diários de campo. A diferença de um diário para um diário de campo é que, nos diários, estão também as reflexões sobre a vida íntima, há citação de nomes e devaneios de natureza privada. Em diários podem estar também presentes todos os outros gêneros literários. Mas, em um diário de campo, não há reflexões sobre a vida particular, subjetiva, psicológica. Há todo o resto possível. E há também uma característica própria, que é a recorrência da reflexão sobre o local onde se está. Nos meus diários de campo também frequentemente se encontram esboços sobre alguma ideia. Então vamos lá, viajar para alguns lugares, relembrar paisagens, pessoas, filosofias, associações, geografias, ideias, esquemas.
Florianópolis, 28 de julho de 2008. “Vejo traços de rosa no céu. Rosa-salmão“