Estruturas comportamentais

Estruturas comportamentais são mais uma na rede de estruturas que mantém os regimes de dominação nas sociedades, sendo identificadas através dos padrões de relacionamento social estabelecidos com o objetivo de manter os funcionamentos já existentes. Observa-se um forte aspecto da violência como característica das estruturas comportamentais, presente no cotidiano coletivo. Profundamente ligada às estruturas econômicas, sociais, políticas, racistas e heteronormativas, a violência pode também ser pensada a partir de parâmetros comportamentais: seria a forma como os indivíduos, de forma também coletiva, produzem violência através de seus hábitos e forma de se relacionar uns com os outros. Resta saber se tais comportamentos seriam resultado estrito das estruturas tradicionalmente identificadas no pensamento teórico (as apontadas acima) ou se geram uma estrutura própria, aquela que expressa a busca incessante por poder no cotidiano. Alguns chamam de “pequenos poderes”. Seria a lógica do desrespeito, da humilhação, da quebra de acordo, do controle da vida de terceiros, do estabelecimento de territórios de poder na família, em círculos de amizade, no trabalho, em movimentos sociais. A interdição da capacidade de tomada de decisão alheia por um lado e a expansão da tomada de decisão de si próprio: decisões não coletivas sobre territórios coletivos e corpos alheios, profundamente embasadas em estratégias da desonestidade e falta de responsabilidade coletiva. As mantém, benefícios emocionais gerados pela violência. Alimentam um ciclo perverso que nomeia violência através de conceitos que são resultado de realidade oposta, como afeto, justiça, amor e cuidado. As estruturas comportamentais da violência estão aí para ser destruídas. Bom dia!

Daniela Alvares Beskow

06 de junho de 2018

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