Diariamente o patriarcado sequestra a assertividade de mulheres: impede, desloca e renomeia. Primeiro, tenta constantemente impedir o desenvolvimento da assertividade das meninas e mulheres. Depois, desloca a possibilidade do desenvolvimento da assertividade do grupo das mulheres e a permite florescer unicamente no campo dos homens e, logo, da masculinidade. Então, como tática final de dominação, renomeia o mundo das mulheres, como o grupo não assertivo. Por fim, mulheres que questionam esse sistema e desenvolvem a assertividade, são classificadas como pertencendo simbolicamente ao grupo oposto, ao grupo dos dos homens. Se diz que mulheres assertivas são “masculinas” ou “masculinizadas”, pois, os homens se apropriaram de tal forma da assertividade que clamam possuí-la de forma exclusiva, o que é um grande absurdo. Esse processo ocorre em inúmeras culturas e territórios. Homens se impondo sobre as mulheres através de ações e ideias. No campo do discurso, se reservam o direito de nomear, classificar e organizar mulheres em categorias geradas na lógica patriarcal de violência. Quando somos assertivas homens nos classificam como sendo homens ou querendo ser homens. A lógica patriarcal de dominação resulta também em mulheres que não reconhecem a assertividade como fazendo parte da personalidade de mulheres, entendo-a como artificial em mulheres, como mulheres fugindo à sua natureza.
O sequestro da assertividade de mulheres é um crime contra a humanidade. Constitui também grande ofensa a classificação de mulheres assertivas como sendo masculinas. A masculinidade é uma das ferramentas de dominação do patriarcado, dominação de [ou contra] mulheres. Mulheres são violentadas pelo masculino. Mulheres assertivas não são masculinas, são mulheres assertivas.
Daniela Alvares Beskow
09 de setembro de 2021
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